quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Gisele Lemos                                               









Poesia & Prosa Entrelinhas

Nossa coluna hoje, é uma homenagem ao escritor, poeta, crítico de arte, e o sétimo ocupante da cadeira nº 37, da  Academia Brasileira de Letras, o Sr José Ribamar Ferreira, pseudônimo, Ferreira Gullar.





A poesia de Gullar é de engajamento politico, utiliza a escrita como instrumento de denúncia social.  Sua palavra poética, de ontem, serve aos dias atuais, e diante de atitudes de nossos governantes, esse título é muito atual;

¨Se correr, o bicho pega; Se ficar, o bicho come¨, Texto teatral escrito com Oduvaldo Vianna Filho, em 1966.  Cito trechos de duas poesias de sua autoria:


Não há vagas
“O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.”
….





Um instante
Aqui me tenho
Como não me conheço
            nem me quis
sem começo
nem fim
aqui me tenho
          sem mim
Nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
        transparente
© FERREIRA GULLAR 
In Muitas vozes, 1999


         Rio que flui


O riso escorre lento
Nas águas verdes da terra
A Floresta da Tijuca verte um breve adeus
Em passagem de bichos serenos
O fluir é suave gosto.
Veja como entre as pedras e o banho
Pássaros escondem os ninhos
O vento assobia e vai tarde…
Mas é cedo para se viver um breve adeus.

Gisele Lemos

 Acontece no dia 10 de Agosto,

hoje, no Largo do Machado, o Te Encontro na APPERJ.