quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Prevenir o ódio, promover a paz

Mario Eugenio saturno

O Monsenhor Janusz Urbanczyk,  Observador Permanente da Santa Sé na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), dias atrás, durante a apresentação do relatório sobre as minoria, manifestou a grande preocupação que a Santa Sé tem por causa do aumento no continente europeu de uma linguagem cada vez mais hostil contra as minorias. E, por isso, deve-se prevenir as expressões de ódio para evitar conflitos e promover a paz e a estabilidade na Europa.

É preciso evitar a consequência trágica que começa com a zombaria ou com outras formas de exclusão social que levam a atos de discriminação, às vezes sancionados na legislação, e que desencadeiam uma intolerância e violência. E a educação, sobretudo dos jovens, é fundamental para prevenir os conflitos e a discriminação e promover uma verdadeira tolerância. A Santa Sé quer que sejam promovidos programas educacionais que reforcem compreensão e respeito pelas diferentes culturas, etnias e religiões, e que difundam valores universais, como o respeito pela dignidade de cada pessoa, a solidariedade entre as pessoas e o respeito pela religião dos outros.

No final de julho, os jovens cubanos que iriam participar da Jornada Mundial da Juventude receberam uma mensagem do Papa que pediu que eles se colocassem em sintonia com a Igreja em Cracóvia de um modo especial, promovendo uma cultura de respeito, de compreensão e de perdão recíproco. O Papa sugere que vivam a experiência de ouvir atentamente o Evangelho para em seguida torná-lo vivo nas próprias vidas, nas de suas famílias e amigos. Que manifestem o desejo de sonhar e o amor à pátria construindo pontes com a palavra e com o coração. E intercedeu à Nossa Senhora da Caridade, que a mais de 400 anos acompanha a fé, a esperança, e o encontro entre todos os cubanos.

E o Papa ainda visitou um lugar onde o ódio manifestou-se de forma brutal: o campo de concentração nazista de Auschwitz. O Santo Padre visitou o local em profundo silêncio e atitude de recolhimento, sem discursos, nem protocolos. Entrou a pé e caminhou sozinho. Depois, pegou um carro elétrico e foi à Praça do Chamado e rezou. Então, foi ao Bloco 11, onde se encontrou com dez sobreviventes, ouviu-os com muita ternura. O último deu-lhe uma vela para que o Papa acendesse no Muro da Morte.

Finalmente, o Santo Padre entrou na cela da fome, a cela do martírio de São Maximiliano Kolbe, sacerdote polonês que ofereceu sua vida pela de outro prisioneiro. Em silêncio e sentado, Francisco orou de novo neste pequeno e escuro lugar de tortura, onde deixavam os presos morrerem de fome e sede. Assinou o Livro de Honra, onde escreveu em espanhol: Senhor, tenha piedade de seu povo! Senhor, perdoe tanta crueldade!

E o ódio chegou ao extremo semanas atrás quando um muçulmano assassinou brutalmente o sacerdote francês Padre Jacques Hamel. Alessandro Monteduro, diretor da Fundação Pontifícia Ajuda a Igreja que Sofre afirmou que a resposta da Igreja a tal horror e como forma de homenagear o sacerdote que por quase sessenta anos serviu incansavelmente à Igreja será criar um projeto para a formação de mil novos sacerdotes. Ao ódio, a resposta de um cristão autêntico deve ser sempre o amor.

Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.