segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Diabético? Novas descobertas permitem seu dentista medir sua hemoglobina

Drª Cristina Gottlieb

Amostras de sangue bucal retiradas de bolsas profundas da inflamação periodontal podem ser usadas para medir a hemoglobina A1c, um importante medidor da condição de diabetes do paciente






Uma equipe de pesquisa de enfermagem e odontologia da Universidade de Nova York, fez a descoberta, dizendo serem boas notícias para pacientes que podem achar a coleta de sangue no consultório odontológico menos invasiva do que a picada na ponta do dedo. A detecção precoce da diabetes, pode também ajudar a prevenir muitas das complicações da doença no longo prazo.


As medições da hemoglobina A1c na glicose sanguínea do sangue oral se comparam bem com aquelas do sangue obtido da ponta do dedo, e dizem os pesquisadores, que o teste tem alto grau de precisão “A hemoglobina A1c é amplamente utilizada no teste para diabetes. De acordo com diretrizes estabelecidas pela Associação Americana para Diabetes, uma leitura de A1c correspondente a 6,5 ou mais, indica um valor dentro da faixa do diabetes” afirma a Dra. Cristina Gottlieb, atual presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Dental, e diretora da clínica The Dental SPA, no Rio de Janeiro.

Segundo a presidente, uma visita ao dentista poderia ser uma oportunidade útil de realizar um teste inicial de diabetes “Existe uma necessidade urgente de aumentar as oportunidades de pesquisa de diabetes e detecção precoce. A questão da diabetes não diagnosticada, é especialmente crítica, porque o tratamento precoce e os esforços secundários de prevenção, podem ajudar a prevenir ou retardar as complicações de longo prazo. Quando não detectada no início, é responsável por reduzir a qualidade de vida e aumentados níveis de risco de mortalidade”, comenta a Dra. Cristina, que endossa no Brasil as pesquisas americanas.

Os pesquisadores da NYU compararam os níveis da hemoglobina A1c em amostras pareadas de sangue oral e da ponta do dedo, retirados de 75 pacientes com doença periodontal, na Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York. Uma leitura igual ou superior a 6,3 na amostra oral, correspondia a uma leitura de 6,5 da ponta do dedo, na identificação da faixa de diabetes, com mínimos resultados falso-positivos e falso-negativos.

O estudo de um ano usou uma versão do kit para teste da hemoglobina A1c, que foi inicialmente desenvolvido especificamente para possibilitar que dentistas e higienistas bucais coletassem amostras de sangue da ponta do dedo. Dr. Shiela Strauss, responsável pela pesquisa nos EUA, diz que o método de teste da hemoglobina A1c requer que apenas uma única gota de sangue seja coletada, aplicada a um cartão especial e enviada ao laboratório.

De acordo com a Dra Cristina Gottlieb “Atualmente estamos focados também no diagnóstico precoce da diabetes, através dos testes de fluxo salivar e análise de PH", diz a especialista em odontologia “Estamos abrindo novos horizontes para a especialidade, que defendo veementemente, a Medicina Dental, e estamos lutando nos órgãos de classe por este reconhecimento da especialidade, como um diferencial de ponta no diagnóstico de doenças graves em fase inicial”, conclui a doutora, que já aplicava testes em saliva e sangue no Centro de Hemodiálise da Beneficência Portuguesa, a fim de detectar precocemente presença de proteína C reativa - relacionada à infartos do miocárdio e doenças degenerativas do organismo. A especialista em odontologia, finaliza, afirmando que, ao ser realizado tratamento em fase precoce, tem excelentes resultados clínicos de otimização da vida do paciente.