terça-feira, 11 de outubro de 2016

Poesia, Prosa & Entrelinhas

Gisele Lemos












Paulo Leminski nosso homenageado de hoje.  Poeta mais lido dos últimos tempos e declamado em Saraus de nossa cidade. Escritor, crítico literário, professor de historia e redação e tradutor que influencia a nova geração da poesia brasileira.


Paulo Leminski











Não fosse isso
e era menos
Não fosse tanto
e era quase
Publica poesias concretas, desde 1970. Escreve “Metamorfose”, o livro que em 1995 ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia.
Mestre dos Haicais
Rio do mistério
Paulo Leminski
Rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?

Haicai
a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão

cortinas de seda
o vento entra
sem pedir licença



Paulo Leminski
você está tão longe
que às vezes penso
que nem existo
nem fale em amor
que amor é isto
O Poeta nasceu e faleceu em Curitiba, Paraná (1944-1989), a cidade que escolheu para viver. Escreve em jornais, revistas, como no caderno Folhetim, da Folha de São Paulo.
Aviso aos náufragos
Do livro ‘Melhores Poemas de Paulo Leminski’, organização de Fred Góes, editora Global.
Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.
Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.
Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta pagina, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não e assim que é a vida?


Eu
Paulo Leminski
Eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora quem está por fora
não segura
um olhar que demora de dentro de meu centro
este poema me olha

Haikai
Gisele Lemos
El filtro del sol
Invade el gran cielo
Luz vibracion