terça-feira, 28 de agosto de 2018

OPINIÃO


 Filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu dá dicas a candidatos das eleições 2018: "Não seja nem se pareça um político"

O escritor, pesquisador político e filósofo Fabiano de Abreu, que foi e é assessor de três políticos no Brasil e dois em Portugal, deu dicas para os candidatos aos cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual nas eleições de 2018.

"Nos dias atuais, uma boa dica que posso dar a um político, é que não seja nem se pareça um político. O nome 'político', nos dias atuais está vinculado a tudo de ruim que possa imaginar em um ser humano. Escutei de alguns políticos que dizem sofrer preconceito ao dizer que é político ou ao saberem disso. Devido a todos esses acontecimentos ao longo dos anos e a falta de esperança popular, ser político nos dias atuais é um desafio que vai além das suas propostas e do interesse de eleger-se", analisa o especialista. 

Fabiano de Abreu diz não acreditar em promessas, pois não dependem dos políticos para que as cumpra: "Acredito em projetos e em histórico do candidato. Se já não deu certo, não vai dar certo. Já estive em mais de 15 países e o Brasil é um dos piores. Em Luanda, na Angola, vi coisas parecidas com as daqui e lá é África, um continente que estamos acostumados a ver na TV que é muito pobre. E nós somos o que? Temos a violência, os altos impostos, a péssima educação, saúde eu seu pior estado, temos buracos nas pistas e um IPVA caríssimo. Temos a qualidade dos carros inferiores aos lá de fora, nos alimentamos com agrotóxicos, muros pichados e desrespeito ao próximo, ao trânsito. Temos fama de briguentos, corruptos, mal educados. Nossos eletrodomésticos mais baratos são inferiores pois a taxa de importação é alta. Não produzimos tecnologia e nossa produção interna passa por problemas. Lá fora não querem nossas carnes, peixe, pois não confiam. Temos obras que não terminam, promessas que não são cumpridas, vivemos uma geração com esperança e essa esperança não acaba pois estamos acostumados. Nos contentamos e começamos a ficar satisfeitos por não ter nada melhor. É a adaptação humana. Aí quando vamos lá pra fora nos deslumbramos. Jogamos lixo no lixo enquanto aqui joga-se através da janela do carro na rua".

O escritor, pesquisador político e filósofo questiona: "Temos que nos orgulhar apenas com uma seleção de futebol que já não ganha mais e com o fato de sermos um povo feliz? Somos felizes pois temos que esquecer o tanto de problemas que temos aqui, pois é nossa válvula de escape. Somo o povo que mais consome cerveja no mundo, e não porque somos bons consumistas e adoradores de cerveja, e sim pois não há outra coisa mais barata para esquecer os problemas. Até porque se fôssemos especialistas em cerveja, não beberíamos as daqui, que são mais misturadas e aguadas". 

"Eu amo o Brasil, por isso faço parte dos que querem mudar para melhor e fazer da esperança uma realidade. Tenho como exemplo a vida que levei em diversos países e quero que aqui seja pelo menos parecido. Ou melhor do nosso jeito. Por isso, eu me mantenho aqui para votar, fazer minha parte, e todos os dias eu analiso friamente cada candidato", afirma Fabiano de Abreu, que após as eleições voltará para Portugal, onde mora atualmente.