sexta-feira, 12 de outubro de 2018

GERAL / ENTREVISTA ESPECIAL


                                 O advogado da Barra

Edição Especial outubro de 1995


Com apenas 25 anos, Eduardo Paes já deixa suas marcas no campo político com uma eficiente administração na Subprefeitura da Barra.
O arrojo e a determinação são suas características marcantes. Nesta entrevista exclusiva para o Cidade da Barra, Eduardo fala sobre suas conquistas durante estes dois anos à frente da Subprefeitura e lembra que a melhor forma de administrar um bairro é ouvindo a população.

Formado em Direito pela PUC, ele conta que pretende seguir a carreira política, apesar de se declarar apaixonado pela advocacia.

- Consigo juntar as duas coisas. Sou advogado da Barra – diz.



Nas próximas eleições, Eduardo vai se candidatar a vereador pelo PFL.

- A população da Baixada de Jacarepaguá não tem representantes no Legislativo. Quero ocupar este espaço – planeja.

E ele vem com disposição.

- Vou seguir na vida política. Dá para resolver muita coisa com vontade de trabalho. Quem gosta de bagunça que não vote em mim! – avisa.


Cidade da Barra – Há alguns meses começaram a surgir crianças nos sinais de trânsito da Avenida das Américas vendendo coisas aos motoristas. A subprefeitura promoveu uma campanha para desestimular a presença destes menores. Quais os resultados desta campanha?
Eduardo Paes – Quando nós percebemos a presença destas crianças, fizemos um levantamento e identificamos cerca de vinte, e todas elas tinham casa. A partir de então passamos a ir nas casas destas crianças para pesquisarmos quais os motivos que as levavam a vender coisas nos sinais. Descobrimos que todas elas tinham família, e que, com uma ação social, conseguiríamos traze-las de volta ao lar. Mas encontramos uma dificuldade: era difícil convencer às crianças a deixarem as ruas, onde ganhavam entra trinta e quarenta reais por dia, para irem para a escola. Por isso fizemos uma campanha onde pedíamos às pessoas que não dessem esmola e não comprassem coisas destes menores, deixando assim de colaborar para que eles continuassem nas ruas. Mas também descobrimos que muitas desta crianças eram trazidas por adultos, que ficavam com todo o lucro das vendas. Alguns destes corruptores foram inclusive identificados e presos. Hoje várias destas crianças já voltaram para suas casas e estão frequentando as escolas.


Cidade da Barra – Após a colocação dos sinais na Avenida das Américas, o número de atropelamentos diminuiu bastante, mas ainda há acidentes. A sr. Chegou a anunciar que poderia colocar quebra-molas na Avenida Sernambetiba para obrigar os motoristas a reduzir a velocidade. Esta ainda é uma boa solução? Como está o índice de acidentes agora?
Eduardo Paes – Os sinais na Avenida das Américas foram uma obra em homenagem à vida. Depois de um ano o número de mortes por atropelamento caiu de duzentos e setenta para dezessete. E se as pessoas respeitarem os sinais e as faixas de pedestre, certamente este número vai estar zerado. Com relação à Avenida Sernambetiba, colocamos sinais Há seis meses e tivemos o absurdo número de trinta atropelamentos com dezessete mortes nestes seis meses, por excesso de velocidade dos motoristas e desrespeito aos sinais. É uma questão a se resolve. Tenho horror a quebra-molas na Sernambetiba. Será um caos no Trânsito. Mas se as pessoas não respeitam os sinais eu prefiro engarrafar tudo e preservar as vidas de quem passa pela avenida. Se continuar este número absurdo de acidentes eu sou capaz de botar quebra-molas mesmo. 


Cidade da Barra -  Há poucos meses o sr. Divulgou pela imprensa um artigo no qual mostra sua preocupação com a favelização da Barra. O que está sendo feito para evitar isso? Atualmente qual o quadro das favelas existentes no bairro?
Eduardo Paes – A Barra ainda corre o risco de ver o número de favelas crescer. Existe uma turma de grileiros profissionais que vivem disso, e tem representatividade parlamentar e no Executivo. O mínimo de descuido nosso será o caos. Através de um controle permanente conseguimos que o número de invasões decrescesse de uma taxa de dezessete por cento ao ano para zero. A situação agora está controlada, mas se a população sinalizar para uma mudança política no comando da cidade as invasões poderão retornar.


Cidade da Barra – Nesses dois anos de gestão na Subprefeitura, quais foram as principais vitórias conquistadas?
Eduardo Paes – Hoje a Barra da Tijuca tem uma cara nova. Era uma bairro totalmente abandonado. Não tinha investimento, conservação, crescia a números absurdos, desordenadamente, sem infraestrutura. Tinha invasão de terra , biroscas em todos os lugares, mato alto. Se lembrarmos da Av. das Américas há dois anos atrás veremos como ela mudou. O capim era enorme. A primeira reclamação que eu tive foi com relação aos retornos da avenida que tinham a visão prejudicada por causa do mato. Hoje, sem dúvida, a Barra tem outra cara. Mas seria pretensão minha afirmas que estamos realizando tudo o que pretendemos. Não estamos. Mas o bairro tem hoje uma quantidade de investimento e de cuidado por parte da Prefeitura que nunca teve. Os postos de salvamento estão funcionando, a Sernambetiba está limpa e capinada, a praia está iluminada, estamos duplicando a avenida Ayrton Senna, Já temos a segunda ponte, a Lúcio Costa, os micro ônibus Barrinha, enfim, inúmeras melhorias. Mas a nossa principal vitória é estar vivendo o dia a dia do bairro, com a participação direta da população.


Cidade da Barra – Quando o sr.  tem a oportunidade de encontrar com os moradores, percebe um retorno de todas estas melhorias?






Eduardo Paes – Não há dúvida. Mas eles também cobram, e isso é a melhor coisa que tem. É preciso estar ouvindo o que as pessoas tem para dizer para a gente poder identificar o que está acontecendo e poder melhorar.