quarta-feira, 31 de outubro de 2018

OPINIÃO

                                         Os sinais de João 
 
Mario Eugenio Saturno

No artigo anterior fiz uma introdução ao Evangelho Segundo São João, mostrando a localização da comunidade do apóstolo, que povos compunham, dos problemas e conflitos e do tempo. No Evangelho, pode- se observar que foi escrito seguindo um plano, a estrutura compondo um prólogo, uma primeira semana, sete sinais, uma segunda semana e os epílogos.

O prólogo (Jo 1, 1-18) é um hino a Jesus, é a palavra que mostra à humanidade quem é Deus: en arque en o logos kai o logos en pros ton theon kai theos en o logos; outos en en arque pros ton theon (transliterado do grego), no princípio (arque) era a Palavra (logos), que estava junto de Deus (theo) e que era Deus.

O primeiro dia da primeira semana começa com o testemunho de João Batista (Jo 1, 19-28). No segundo dia acontece a apresentação do Cordeiro de Deus (Jo 1, 29-34). No terceiro dia, João Batista envia os primeiros dois discípulos que aderiram a Jesus e o chamado de Pedro (Jo 1, 35-42). Finalmente, no quarto e quinto dia, Jesus chama Filipe e Natantael e os outros apóstolos (Jo 1, 43-51).

E no sexto dia (simbólico) acontecem os sete milagres, o que se convencionou chamar sinais da vida. O primeiro sinal é o casamento em Caná (Jo 2, 1-12).  João faz um claro paralelo com o Gênesis (1,26-27): no sexto dia, Deus criou o homem (ser humano, no contexto) à sua imagem e semelhança e no Evangelho o sexto dia começa com o casamento em Caná, simbolicamente a adesão a Jesus pela fé. 

No segundo sinal, são os pagãos, representados pelo oficial do rei, que aderem a Jesus, (Jo 4, 46-54). De fato, o objetivo dos sinais realizados por Jesus é mostrado em Jo 20, 30-31: Jesus fez, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro, mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

O terceiro sinal é a cura do paralítico, que testemunha diante das autoridades dos judeus, que procuram matar Jesus, (Jo 5, 1-18). O quarto sinal é a partilha dos pães, em que Jesus celebra a Páscoa do outro lado do mar da Galileia junto com a multidão de doentes e não em Jerusalém. E foge para as montanhas quando o povo quer aclamá-lo rei. E, conjuntamente, o quinto sinal mostra Jesus caminhando sobre as águas (Jo 6, 16-21).

O sexto sinal é a cura do cego de nascença, que aceita Jesus, enfrenta o poder que mantém o povo cego e dependente e é banido da sociedade. (Jo 9). E o sétimo sinal é a ressurreição de Lázaro, a vitória sobre a morte, que tem como resultado muitos judeus acreditarem em Jesus (Jo 11, 1-45) e as autoridades religiosas decretarem sua morte (Jo 11, 46ss).

A segunda semana acontecem nos seis dias antes da Páscoa dos judeus (Jo 12,1-19,42). E seguem, o grande sinal (Jo 13, 1 - 20, 29), o lava-pés (Jo 13, 1-30, o discurso de despedida (Jo 13, 31 a 17, 26), a Paixão, morte e ressurreição de Jesus (Jo 18, 1 a 20, 29).

Finalmente, o Epílogo (Jo 20, 30-31), que revela o motivo dos sinais, o Apêndice (Jo 21, 1-23), em que acontece o chamamento de Pedro, e o segundo epílogo (Jo 21, 24-25).

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.