domingo, 24 de novembro de 2019

As necessidades de mudança na pesquisa sobre câncer


Segundo dia do Congresso Internacional Oncologia D’Or coloca em debate o formato de estudos oncológicos
 
Em meio às mesas que debatem os avanços em diagnóstico e tratamento de câncer, o Congresso Internacional Oncologia D’Or colocou em discussão, na manhã deste sábado, segundo e último dia do evento, a necessidade de investir mais em pesquisa, bem como sobre rever a forma como os estudos são feitos.
Presidente da Oncologia D’Or, Paulo Hoff, afirmou que um dos objetivos da Rede D’Or São Luiz é proporcionar um legado de desenvolvimento na sociedade através da pesquisa e ensino. “Essa pode ser a maior contribuição que podemos oferecer para a sociedade a longo prazo”, observou.
  Para o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) Luiz Eugênio Mello há uma necessidade do mundo científico rever a metodologia dos estudos sobre câncer. Ele observou que, apesar das pesquisas que vêm sendo realizadas, a sobrevida dos pacientes, em diversos tipos de câncer, aumentou muito pouco nos últimos 20 anos. “Precisamos desenvolver pesquisas que ajudem efetivamente essas pessoas cujo o relógio de vida está diminuindo”, ponderou. Para ele, alcançar melhores resultados passa necessariamente pela mudança da forma como as pesquisas são feitas. “Hoje, um estudo é feito tendo apenas um alvo, sugiro que se tenha dois ou três alvos simultâneos”.

O oncologista Claudio Ferrari comentou que também é preciso aproveitar melhor os dados fora da pesquisa clínica que dizem respeito à saúde, para que eles tragam um melhor retorno no cuidado com o paciente. “Hoje, os Estados Unidos são responsáveis por metade dos estudos clínicos feitos no mundo, mas só 5% dos pacientes oncológicos de lá são tratados dentro de um contexto de pesquisa”, comentou Ferrari, ao expor a distância entre a pesquisa e a prática clínica.

Para ele, um item que precisa ser revisto para mudar esse cenário é o prontuário médico. O oncologista avalia que o formato atual corrompe a qualidade dos dados, o que prejudica o uso em estudos clínicos. “É preciso criar um sistema que sirva realmente de apoio ao médico e não seja visto apenas como mais trabalho, permitindo o preenchimento rápido e com informações de qualidade”, afirmou.